Eu adoro musicais! Claro que não guardo na minha gaveta deste gênero todos aqueles a que assisto, pois alguns já conseguem muito da minha tolerância, quando não desisto na metade do filme. Sou fã irrevogável de Meryl Streep, não fosse por tantas outras atuações, “A Escolha de Sofia” e “As Pontes de Madison” já teriam me marcado. A Grécia me encanta, por sua história, seus costumes e sua paisagem.
Assim sendo, estes três motivos foram suficientes para me instigar a assistir ao filme “Mamma Mia”!
Logo no início tive a constatação de um pensamento construído racionalmente, mas esquecido quase sempre quando se trata de aplicá-lo à emoção. Acontece que, ultimamente, quando me olho no espelho percebo-me visível e assustadoramente envelhecida. Não, não se trata dos traços implacavelmente imprimidos pelo tempo cronológico, mas sim da ausência de juventude que deveria vir da alma, dando brilho aos olhos e vivacidade às expressões. Em “Mamma Mia” Meryl Streep rejuvenesceu muito, se compararmos a “As Pontes de Madison”! Há a influência da maquiagem e dos recursos cinematográficos? Claro que sim! Mas há também e, principalmente, o estado de espírito contextualizado na alegria de viver desta ilha paradisíaca, há o brilho da alma que escorre pelos poros, nos gestos e nas expressões!
Não procure cenas gastronômicas no filme! Elas não estão lá! Elas estão por toda a Grécia, pois não há como pensar neste país sem colocar em nossos pensamentos o sabor e o perfume da sua cozinha.
Hipócrates (considerado o pai da medicina) era grego, e elaborou um extenso receituário, estruturado nos alimentos produzidos por esta região.
Situado na região sudeste da Europa e banhado pelo mediterrâneo, este país (com cerca de 11 milhões de habitantes) tem sua culinária repleta de vegetais, grãos, sementes oleaginosas (como a noz, por exemplo), azeite, mel e yogurtes . Ervas frescas, cereais, carne de carneiro e peixes e frutos do mar também marcam sua presença na mesa do grego, quase sempre acompanhados pelo néctar das videiras (o vinho), como longa tradição desta civilização.
Na Grécia a gastronomia é valorizada desde os tempos antigos, quando já se contava com algumas escolas em Atenas, pois além de a alimentação representar uma forma de fortalecer seus guerreiros, as refeições eram envolvidas pelo prazer de uma boa mesa e seu ritual representava um ato de civilidade, assim como os banquetes eram verdadeiras manifestações da arte culinária, permeando todos os sentidos.
A cozinha dos gregos consiste basicamente em alimentos frescos, e suas carnes e peixes são geralmente grelhados, havendo exceções para outros pratos deliciosos, como o cozido de carne ou polvo, chamado de “stifado”, delicadamente perfumado com o aroma da canela, o qual passeia por várias comidas salgadas e doces, entre elas o “kadaifi”, massa folhada recheada com amêndoas e canela.
Entre os líquidos preferidos deste povo encontramos o café árabe, a aguardente de uva com essência de anis e os vinho, tintos ou brancos, sendo que há sempre um petisco acompanhando as bebidas alcoólicas. Os “mezédes”, pequenas porções de antepastos, que acompanham uma bebida e são degustados antes das refeições, têm na sua vasta lista o patê de berinjela e a coalhada com pepino e alho.
Um outro fator que contribui para o caráter saudável da alimentação grega é a ausência de pressa no desenrolar das refeições, como um ritual de sereno prazer, ampla e profundamente saboreado desde o “mézede” até à sobremesa, envolvido por conversas que ultrapassam a hora, e se arremata numa boa sesta.
A Grécia é um quadro de fantásticas cores, aromas e sabores! Há a maresia que perfuma o ar e, conforme a estação, vai recebendo pinceladas da vegetação que floresce e se frutifica no delicioso hálito das ervas e das frutas, onde se destacam melões e melancias, uvas, pêssegos e doces figos!
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